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Relato de Parto - A Chegada de Teresa



12 meses.


Esse é o tempo que passou desde aquela manhã ensolarada de sábado.


Lembro como se fossem 12 dias atrás. Das cores, das sensações, do cheiro.


Demorei muito mais do que devia, mas certas coisas são como devem ser. Depois de todo esse tempo, enfim aqui deixo registrado o texto que mais esperava: o relato de parto de nascimento da Teresa.


Pra quem não leu o do Martin, aqui faço o meu convite. Eu adoro reler e reviver esses momentos, e esse texto de fato até hoje é um dos mais especiais: Relato de Parto - A Visão de um Pai.



SENSAÇÃO DE MÃE É SENSAÇÃO DE MÃE...


Tudo começou na sexta-feira, dia 09 de abril de 2021. Ana Julia completava 40 semanas e 2 dias. Vivíamos aquele misto de ansiedade por saber que já está acabando com ansiedade porque nunca acaba, sabe? (entendedores entenderão). Quando a gente vai ser pai pela segunda vez a gente tem mania de ficar tentando lembrar e comparar como foi da primeira, então ficava imaginando quando começariam as contrações, quanto tempo passaríamos cronometrando o intervalo entre elas, como seria a decisão do ‘vamos para o hospital!’.


Uma coisa era clara na nossa cabeça: dessa vez queríamos ficar o máximo de tempo possível em casa, vivendo e evoluindo o trabalho de parto, para aí sim ir ao hospital. O parto do Martin (se mesmo com o link aí em cima você não leu, tá aqui mais uma chance) tinha sido bastante difícil no hospital, quase 12 horas, grande parte delas sem ter o quarto de parto disponível, etc. Então desta vez já havíamos nos preparado para viver a primeira etapa em casa.


Pois bem, estávamos na casa da minha sogra no final da sexta, e eu não estava me sentindo muito bem (no português claro, dor de barriga). Ana já vinha tendo contrações de treinamento há muito tempo, e essa noite em especial começou a sentir algo a mais.


“Tô achando que é essa noite”, ela falou. Eu até brinquei pra ela dar uma segurada porque eu estava meio mal. “Bora tentar dormir bem essa noite e esperar até amanhã, vai?”. KKK

Fomos pra casa e, já que já estava rolando essa sensação no ar, tentamos dar uma checada de novo se estava tudo pronto: - malas - documentos - família devidamente avisada

- médica devidamente avisada - celular com o app de contrações do lado da cama


Bora tentar dormir.



HYPNOBIRTHING


Aqui dou uma pausa rápida pra falar de algo muito importante nesse processo, que mudou nossa vida na gestação e parto da Teresa. Já ouviu falar em ‘hipnose do parto’?


Ana Julia ouviu, foi pesquisar mais e quando eu fui ver já estava cheia de novas ideias e manias.


O hypnobirthing é basicamente um conjunto de trabalhos de respiração, meditação, foco e mentalidade positiva, para que a mulher fique mais relaxada e consciente em relação ao processo natural do parto.

Ana confiou, estudou, respirou e, acima de tudo, acreditou que era capaz. Essa confiança e positividade, pra mim, foi a parte mais marcante e impactante em todo o processo.


Talvez seja difícil acreditar que realmente faz essa diferença toda, mas mais pra frente deste texto vocês vão entender que sim, fez essa diferença toda.



CONTRACTION APP


Voltamos à nossa noite. Já era tarde, colocamos Martin na cama e não tínhamos comido nada. Ana queria deitar, mas insisti em jantar porque não queria arriscar – e porque a parte de não conseguir se alimentar por causa da dor é uma das que mais lembro do primeiro parto.


Pois ficamos ali, curtindo o combo da modernidade sofá + ifood + netflix + ansiedade. Volta e meia rolavam aquelas contrações, mas nada muito ritmado até então.


Na madrugada as coisas foram ficando mais agitadas. “Começou” – aperta o app. Tenta não dormir. “Me avisa quando terminar!”. “Putz, já terminou, esqueci de avisar”. Aperta o app. E assim vai, até que me lembro quando as contrações passaram a rolar a cada exatos 40 minutos. Ainda é um tempo muito grande, mas já eram sinais de que estávamos evoluindo (lembrando que o trabalho de parto é considerado a partir de duas a três contrações a cada 10 minutos, durando por volta de 45 segundos ou mais cada).


Por volta de 5 horas da manhã, os intervalos já mais curtos, Ana foi para o banho dar uma aliviada, e aí entendemos que era pra valer. Avisei a Dra Bel, que na mesma hora já montou o grupo de whatsapp: médicos, doula, pediatra, fotógrafa, todo mundo já avisado que sim, Tetê (que até então não sabíamos se era Tetê) estava a caminho. Ficamos ali no banheiro conversando, tentando rir de toda aquela situação, enquanto Martin ainda dormia como um anjo no quarto dele. Já avisamos as vovós pra que viessem buscar quando ele acordasse.



BRUXINHA


Aqui entra a primeira anja que apareceu nessa história: Eliete, a nossa enfermeira-doula-obstetriz-salvadora.


Dra Bel tem quatro enfermeiras que trabalham com ela. Por conta de agenda e partos que rolam a qualquer momento, elas acabam revezando entre si, então não tínhamos certeza de qual viria. Já havíamos conhecido algumas e sabíamos das principais características de cada uma.


Lembro que quando fui abrir a porta de casa pra ela, por volta de 7h30, eu sorri. “Ana Julia vai adorar que foi você que veio”. Bel contou que Eliete era uma ‘bruxinha’, que adorava fazer infusões e acupuntura, e desde então senti que rolava uma torcida interna da mamãe pra que ela fosse a disponível no dia.


Pois mal chegou, fomos direto pro quintal e ela mandou na lata: “O que você tem nessa horta aí?”. Juntamos o que tinha de bom e ela já começou a preparar as poções. “Consegue um pouco de chocolate amargo e orégano? E pimenta?” E por aí vai. Confesso que fui me divertindo vendo tudo isso enquanto Ana respirava na bola de pilates e fazia um escalda pés.


Eu ficava de um lado pro outro, revezando entre fazer massagem, buscar coisas, ver Martin e atualizar a equipe no grupo. Em uma dessas idas e vindas, chego e me deparo com essa cena curiosa. Eliete estava fazendo acupuntura nos pés da Ana, colocando um negócio estranho na ponta da agulha e, pasmem, tacando fogo na parada. Eu, leigo total, fiquei num misto de estranhamento com achando graça, enquanto via que realmente estava funcionando, e Ana seguia relaxadíssima em cima da bola.




O primeiro feitiço: "O que uma agulha no tornozelo com um marshmallow pegando fogo pode fazer?"




PARTICIPAÇÃO ESPECIAL


Foi mais ou menos nessa hora que chegou uma das partes mais legais de toda essa história. Nosso primeiro filhote acordou animado e, no auge dos seus 3 anos e 2 meses, chegou pra acompanhar um dos momentos mais marcantes da vida da família.


Que loucura tentar entender o que se passava na cabeça dele. Martin seguiu ali do lado da mãe. A essa altura as avós e os tios já estavam chegando pra poder brincar e dar mais atenção pra ele, mas ainda assim ele sempre aparecia pra ficar do lado da mamãe e ver se estava tudo bem. Até na banheira ele entrou junto pra curtir um pouco e também ajudar a deixar tudo mais leve.



BANHEIRA


Falando em banheira, aqui demos um passo importante. Por volta de 9h da manhã, fomos nós e a Eliete pra casa da minha sogra (que é bem pertinho da nossa e tem mais estrutura – principalmente a tal banheira, que ajuda muito nesse momento!).


Lá Ana pôde ficar bem mais tranquila no banho, enquanto eu seguia firme e forte na cola da Eliete, fazendo o que ela pedia e tentando dar uma mão a mais nos cuidados. Ela nas magias, agulhas e incensos, eu na massagem.


O banheiro era um misto de calmaria e relaxamento com bagunça com a família que estava toda ali, acompanhando e participando ativamente de tudo. Às vezes me preocupava se a zona não estava atrapalhando ou incomodando, mas era só olhar nos olhos dela que eu tinha certeza que estava tudo bem. Era incrível como Ana estava tranquila e, mais do que qualquer coisa, segura de cada momento que estava vivendo. Lembram do tal hypnobirthing? Pois bem, o efeito era visível a cada momento do dia.



CADA CONTRAÇÃO É UM FLASH


Nesse momento – e vocês vão perceber pelo repentino e gigantesco aumento de qualidade das fotos – passamos a contar com uma outra participação mais que especial.


Nossa cunhada, Pri, é fotógrafa de parto. Infelizmente não chegou na família a tempo de acompanhar o nascimento do Martin, mas dessa vez curtiu de pertinho a gestação da Teresa – inclusive registrando vários momentos lindos da família durante todo esse processo.


Pois dessa vez foi com emoção, por dois motivos. Primeiro porque, por conta da pandemia, vários hospitais ainda estavam proibindo a entrada de fotógrafos. E segundo porque Pri tinha um parto já marcado na manhã do dia 10 – por coincidência uma mãe amiga indicada pela Ana. Na madrugada, quando sentimos que realmente estava chegando a hora, já bateu aquele nervoso. “E se não der tempo da Pri chegar?”


Mais que ter as fotos do parto, o que realmente queríamos era ter as fotos da Pri do parto. A parte bonita da coisa era ter a participação dela ali junto com a gente, então em nenhum momento pensamos em tentar alguma outra pessoa pra substituir. Acreditamos que ia dar certo e que ela chegaria a tempo.

No final, foi melhor ainda pois o parto que ela acompanhou foi em um dos hospitais que estávamos considerando, então ela também ia atualizando a gente de como estava o movimento por lá.


Pois o filho da amiga da Ana foi gente boa com a gente e nasceu rapidinho. Tia Pi veio correndo e chegou ainda na parte boa pra poder registrar a banheira, as magias da Eliete e muito do que ainda estaria por vir...


*Conheçam o trabalho dela clicando no @prialbuquerque.fotografia



UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS


Tá, legal... o textão já tá garantido, e ainda falta bastante.


Foram pouco mais de duas horas de banheira, chuveiro, cama, até chegar na cena da Ana agachando na portaria antes de sair do prédio.


Eu poderia ficar falando parágrafos sobre como foi.


Sobre o Martin entrando com a gente na banheira, a Tinha também querendo, várias técnicas diferentes que usamos com a Eliete.


Sobre a Ana relaxando no chuveiro, e depois a gente na cama, Eliete medindo a dilatação e cravando: ‘Chegou a hora, partiu hospital!’.


Sobre a despedida na hora de ir embora, com a família toda na sala, tio Paulo tocando piano e cantando a música dx novx sobrinhx, Martin vindo abraçar a gente como quem sabe que esse é um dos momentos mais emocionantes da vida da nossa família.


E, mais parágrafos ainda, sobre como nossa mamãe Ana Julia incrivelmente dominava cada segundo de todo aquele processo. Calma, tranquila, segura de si e curtindo profundamente todos os estágios do trabalho de parto.


Vamos de fotos e legendas que vocês vão entender do que estou falando:



Quanto amor cabe numa banheira? <3



O olhar mais profundo da minha vida




Amor de mãe


Amor de irmã

Amor de filho e irmão mais velho


Filhão, já já voltamos...


Agachada de emergência ainda na portaria, antes de voar para o hospital


“PARTIU HOSPITAL”


Por mais que a gente sempre tenha desejado ter um parto o mais natural possível, ainda mantínhamos a ideia de tê-lo no hospital. O plano era exatamente esse: segurar o máximo que desse em casa, pra na hora certa partirmos.


O ponto é que a escolha desse hospital é sempre um desafio.


Nossa experiência no parto do Martin foi um tanto traumática porque ficamos horas esperando um ‘delivery room’ (aquele quarto de parto mais preparado), e enquanto não conseguíamos esse ficamos em outro quarto bastante ruim.


Dessa vez, Ana tinha melhorado o convênio dela do trabalho, por isso estávamos considerando migrar para um outro hospital considerado melhor, porém talvez menos humanizado. Por outro lado confiávamos na nossa equipe, em nós mesmos, e sabíamos que, tendo a estrutura adequada, o parto poderia ser perfeito.


Nós estávamos dispostos inclusive a fazer de novo a saga de ir visitar os hospitais pra conhecer um pouco mais (foi divertido na época da gestação do Martin). Mas dessa vez a pandemia dificultou, então acabamos segurando a decisão até em cima da hora.


Uma coisa que dificulta muito: não existe um telefone ou algum contato que possa te confirmar como está a lotação do hospital, se existem quartos vagos, etc. Claro que partos acontecem e mães chegam a qualquer momento, mas poxa... ajudaria poder ter uma ideia, né? Se estou saindo de casa e sei que há um ou dois quartos vagos, já ajuda um pouco a decisão (ficando consciente, claro, de que há o risco de no tempo que eu leve para ir até lá possam chegar uma ou duas novas mães). Mas enfim, como não há nenhum atendimento que possa nos passar essa informação, no fim temos que ir no escuro mesmo.


No nosso caso, como contei antes, na mesma manhã a Pri estava fazendo as fotos de um parto no nosso primeiro hospital, e ficava me atualizando de como estava o movimento por lá (que, no caso, estava bem cheio). Por isso nessa hora, já durante o trabalho de parto da Ana, decidimos ir para o segundo hospital, diferente do primeiro, confiando de que lá teríamos mais sorte. E tivemos.



“O PAI JÁ ENTROU”


Pois bem, chegou a hora. Corta do abraço bonito de despedida para o trajeto até o hospital no melhor estilo Velozes e Furiosos.


Vovó Mô (minha mãe), a pilota de fuga da família, cruzou a cidade rapidinho enquanto Ana soltava a voz no banco de trás. Eu e Eliete íamos um de cada lado, eu naquele misto de reza braba pra que todos os faróis abrissem e pra que meu carinho desse uma ajudada na dor.


Chegamos na porta do hospital, e já rolou um primeiro alívio quando vimos que do carro da frente desceu a Dra Bel. Ana deu uma última agachada ali mesmo, na rua, pra dar uma respirada e tentar aguentar o caminho até o quarto. Na mesma hora já vieram com uma cadeira de rodas e correram pra entrar no hospital: Ana, Dra Bel e Dr Rodrigo.


Enquanto isso eu e Pri fomos pegando as malas e coisas no carro, e quando corremos pra entrar na recepção fomos informados de que só estavam liberando um fotógrafo por parto. No meio de todo aquele caos, eu olhei pra Pri, pra todas as malas, percebi que estavam achando que éramos a equipe de produção da parada e tive que ouvir: “o pai já entrou”.


AMIGÃO, AQUELE ERA O MÉDICO. UH, UH, PAPAI CHEGOU. LITERALMENTE. AGORA DEIXA EU CORRER QUE TÁ CHEGANDO A HORA.

(não leiam essa parte achando que foi estressante, ou no clima briga. Foi um mal entendido bem rápido, tentamos manter o bom humor até onde conseguimos e no fim fui muuuito bem atendido e em menos de um minuto já tinham me levado até dentro do quarto).



EXPECTATIVA X REALIDADE


Ainda dentro do Hypnobirthing, existe a prática de transformar o ambiente do parto, ou ambientar o local de maneira com que deixe a mãe o mais tranquila possível. Aí, o céu é o limite pois são infinitas possibilidades de tentar humanizar um pouco um quarto de hospital: luz baixa, música, luzinhas fofas, fotos e imagens da família, e por aí vai.


Esses quartos conhecidos como ‘delivery rooms’ já são bastante equipados e já melhoram muito a experiência. Mas eu queria fazer algo a mais dessa vez, então vim preparado com uma mochila cheia de coisinhas pra colocar no quarto. O ponto é que “estava mas não estava” nos planos chegar tão na hora H. O que fez com que simplesmente não houvesse tempo pra parar e ficar enfeitando o quarto.


Eu tinha músicas, varais de luzinhas, fotos pra pendurar e vários vídeos de amigos e familiares. Deu tempo de colocar a luz e dar o play na tão famosa ‘playlist do parto’. O resto, tenho de confessar, rolou só depois da chegada da Teresa.

E aí vocês vão entender o porquê:



PARTO DOS SONHOS


Falar de parto é igual falar de sono dos filhos.


Não perca tempo comparando a sua situação com a dos outros, não reclame da sua experiência e muito menos se arrisque em contar vantagem e se gabar dela.


Parto é um tema delicado demais. Como se não bastassem toda a sensibilidade e delicadeza que envolvem o tema, ainda vivemos em uma sociedade que não sabe falar sobre ele. Crescemos sem aprender a falar sobre, transformando desde cedo um assunto tão natural em tabu (se você gosta desta discussão te convido a ler esse texto aqui, que escrevi lá atrás enquanto vivíamos a aventura e as dificuldades de descobrir o caminho de um parto mais natural no Brasil, antes da chegada do Martin).

Pois vamos lá: depois do parto do Martin, a gente ficou um pouco ressabiado pensando na próxima experiência que teríamos. Foram doze horas de trabalho de parto, e embora no final tenha sido um parto normal e lindo, foi também bastante sofrido pra Ana.


Nós vivíamos ouvindo histórias sobre ‘partos a jato’, bebês que chegavam já escorregando pra vida, e imaginando se um dia chegaria a nossa vez.


Pois sim, meus amigos, chegou. E aqui não sou eu me gabando e contando vantagem do nosso parto. Aqui sou eu comemorando o quão lindo foi a realização desse sonho, tão merecido pela Ana. Ela sonhou, visualizou e se preparou como eu nunca vi. No dia, simplesmente cumpriu o que já estava preparado pra ela.


Depois de toda a delícia que foi a saga na sala de casa, com chás de plantas do quintal, a banheira da minha sogra, o chuveiro, a participação do Martin, a despedida emocionante da família e a chegada com pausas de cócoras até o hospital, esse momento chegou.


Não deu tempo de pendurar as fotos porque exatos 24 minutos desde que demos entrada no hospital, nossa filha chegou. FilhA. Não sei se vocês sabiam ou repararam, mas até aqui a gente não sabia o sexo dx nossx bebê.

Não exagero ao dizer que lembro dessa cena como se fosse hoje.


Três anos atrás, quando Martin começava a aparecer, Dra Bel me chamou e perguntou se eu queria ver a cor do cabelo dele. Dessa vez, ela me chamou, perguntou se eu queria novamente ver a cor do cabelo, e complementou: “Dessa vez você quer tirar seu bebê?”


Tirar meu bebê. Tão cru e literal como possa parecer. Aos poucos veio a cabeça, os braços, e eu estava ali recebendo e vivendo o momento mais incrível da vida de um homem. Tirando meu bebê. Peguei, o/a levei pra Ana Julia e nos abraçamos chorando. Pasmem, nenhum dos dois tinha lembrado de ver se era menino ou menina. Bel quase deu um grito: “Vocês não vão ver quem é?”. E eu simplesmente lembro de levantá-la e ver que, meu Deus, era a Teresa.

Aqui mergulhamos em uma frequência mágica, a gente e todo mundo que estava naquele quarto.


(hora do respiro e de tomar um gole d’água)



MINHA FILHA


Passados alguns minutos, depois de cortar o cordão umbilical da minha filha e seguir dividindo essa emoção de olhares com a Ana, enfim consegui, com ajuda de parte do time, pendurar algumas fotos ao redor da cama. Os vídeos dos amigos ficariam pra depois. Bel, no canto, fazia o seu lindo desenho com a placenta da Ana. Palavras de carinho, algumas fotos, outras comparações sobre como Teresa se parecia com Martin nos primeiros minutos de vida.


Dessa vez foi tudo mais tranquilo. Não teve susto, não teve oxigênio, não teve observação na UTI na primeira noite. Teresa foi um espelho da mãe e veio muito bem, direto pro peito. Chegou como se só quisesse entrar naquele abraço e ali ficar por muito tempo.


As luzes foram diminuindo, as pessoas foram saindo, ficamos nós três ali curtindo aquele momento. Dormi no banco, com Teresa no colo, enquanto Ana descansava na cama. Foram mais de três horas até que apareceram algumas enfermeiras já do outro turno, que chegaram radiantes contando a história que ouviram do parto e parabenizando nossa mamãe incrível.


Eu continuei chorando igual uma criança toda vez que falava ‘ela’, ‘minha filha’, ou qualquer coisa que me lembrasse que nossa filha era uma menininha. Essa história de não saber o sexo até o nascimento merece um texto a parte, mas já deixo aqui meu voto de que sim, façam isso um dia na vida.

Sete horas de trabalho de parto. Vinte e quatro minutos de hospital.


Seja bem-vinda, minha filha Teresa.




Não há nada nesse mundo mais importante e precioso que esse momento. Nada.

9 meses de surpresa. A emoção na hora foi tanta que simplesmente esquecemos de ver quem tinha chegado...






Bel fazendo sua arte de placenta



Ter um time de confiança faz toda a diferença. Gratidão pra vida!


CONSEGUIMOS!


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