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Primeira febre. E aí?!



Ontem, pela primeira vez, ligaram do berçário: 'Martin tá com febre; não tá conseguindo comer, dormir nem brincar direito'. Lá vamos nós. Encaixe na pediatra pra dar uma examinada e preparar a noite que viria.


Sabemos que é normal. Tempo seco, mudança de clima, faz parte. Começo de berçário, criação de anticorpos, é praticamente regra! A gente se preparou pra isso, e eu confesso que fiz até piada: 'rapidinho Martin já vai estar enturmado na turma dos melequentos'. Convenhamos, aceitar era o melhor caminho para sobreviver à adaptação no berçário, onde em cada turma de amiguinhos que passava 9 de 10 estavam com a cara toda cheia de catarro (o décimo, agora entendi, estava com a cara limpa pois devia ter voltado bem naquele dia depois de um descanso forçado doente em casa).


É, eu até tava preparado pra isso, mas ainda assim é f***, parceiro. E olha que eu nem tô preocupado se vou ficar mais uma(s) noite(s) em claro. A dor do negócio é você pegar seu filho que, mesmo todo amuado e fervendo de febre, te recebe com um sorrisão na cara e quer brincar como se estivesse tudo bem. Um pacotinho encolhidinho, molinho, quentinho e melecadinho, mas também esforçado pra te mostrar o quanto está feliz em te ver.


(pausa rápida pra eu me lamentar por todos os 'alô' impacientes e com voz de dor que eu já dei ao atender o telefone com uma gripe qualquer)


Essa obviamente é a primeira de infinitas situações que a gente vai pensar 'queria que fosse em mim, e não nele'. Que eu vou agradecer muito mais uma vez poder ter o privilégio de ter um berçário na empresa da Ana. E que, se ele não está bem, ainda tem a opção de ficar na casa de uma das avós, que estão sempre cheias de amor e ainda podem se dar ao luxo de ajeitar as agendas pra cuidar do nosso pequeno.


Infelizmente o mundo real não é esse, e a grande maioria dos pais se depara com um abismo injusto demais na hora de terminar a licença maternidade. Quatro ou seis meses, seguimos falando de um ser indefeso e totalmente dependente. A mãe precisa voltar a trabalhar, mas como faz? Outros dizem que é melhor esperar, colocar a criança na creche com 1, 2, 3 anos. Mas como? E até lá, como fazemos?


Hoje passamos parte da madrugada/manhã no hospital, e depois não tínhamos como não ficar com ele. Mas e quem não tem essa opção?!


Essa é uma das grandes discussões, das grandes bandeiras que devemos levantar e que já deixo meu compromisso pra falar sobre isso em breve. Mas tenho que dar uma outra pausa aqui: tem um bebezinho quente e com muita dificuldade de respirar dormindo no meu colo.


O que eu queria dizer é que ser criança é ser abençoado. É não fazer ideia dessas e outras injustiças do mundo, e nem deixar de enfrentar uma febre de 40 graus como qualquer outra situação no fundo merece: sorrindo.


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