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Deus é feminista




Quem foi que inventou o papo de que nada é perfeito? Devem ser os mesmos que não acreditam em milagres.


Aqueles que não devem ser pais ou pior: aqueles que não sabem ser filhos.


Demorei 30 anos pra saber que aquela página do livro de ciências falava de algo muito maior que o sistema reprodutor humano. Aquilo era alto nível de ciência, fé e magia, tudo misturado pra poder nos deixar ao menos uma vez na vida dizer que testemunhamos algo perfeito.


Me explico: existe uma coisa que não sai da minha cabeça desde o momento do nascimento do meu filho. Desde o primeiro gostinho do êxtase pós-parto, até cada mamada salvadora no meio da revolução do dia a dia que vivemos desde então: a perfeição do corpo feminino.


Sei que o orgulho é parte intrínseca da masculinidade humana. Descobrir que vai ser pai, inclusive, talvez seja o momento de maior orgulho na vida de um homem. Você, que se gaba que um dia foi um dos espermatozoides mais espertos da turma, começa a se derreter pensando que dessa vez você é o grande responsável. Acertar o alvo, quer dizer, o óvulo, é tipo gol no Maraca lotado, né? Sei lá, pode até ser – vale a pena ficar feliz curtindo essa sensação.


Mas não nos deixemos enganar. Entendam o que vou dizer, mas nessa história toda, meus amigos, nós somos o lado mais fraco. Nós dividimos a participação na geração desse novo ser, é verdade, mas a partir daí, o cara lá de cima desequilibrou. Gestar e dar a luz a uma criança é tarefa para os fortes. Amamentar, para os gigantes. Ou melhor, as fortes. As gigantes.


A gestação de um feto do tamanho de uma semente de gergelim que vira um bebê. Revolução corporal e psicológica que sobe, desce, aprende e se prepara: chegou a hora. Nasce um ser absolutamente dependente, que por enquanto no fundo só precisa de uma coisa: a mãe. É o corpo dela que segue sendo a extensão, é o peito dela que é a vida.


E a gente? A gente evolui, faz coisas incríveis, vai pra Marte e até começa a discutir a paternidade. Mas não inventa uma magia tão natural e bonita como a relação entre uma mãe e seu filho. A continuação de um milagre que começa no parto, e segue firme e saudável por meses até que, enfim, essa criança esteja pronta para dividir com o mundo todo o amor que ganhou.


Aos homens que, assim como eu, sonharam (ou sonham) ser pai, não há motivo pra se preocupar. Pelo contrário: sobram motivos e oportunidades pra que a gente possa se mostrar tão essencial quanto queremos. Sobram razões pra que a gente deva ser tão essencial quanto elas precisam.


A mãe não exige nem pede. A mãe merece. Mãe é mãe de cesariana ou de parto normal. De peito ou de mamadeira. Mãe é mãe.


E, por último, acreditem: Maraca lotado não é nada. Legal mesmo é gol no ângulo aos 45 do segundo tempo no Maraca lotado. Ou simplesmente poder ver os amores da sua vida (re)nascendo juntos e pensar: eu vi um milagre perfeito.



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